BRASIL, UMA ESPERANÇA, MUITO ALÉM DE MICHEL TELÓ!

Gente a abaixo segue um dos melhores textos que eu ja li falando sobre a vida a bordo de um navio, e sobre qual a percepção dos estrangeiros quanto ao Brasil e ao povo brasileiro.  Esse texto foi escrito pelo meu amigo Michel ( nas fotos). Assim como eu ele é tripulante do navio Splendour of The Seas. Com o Michel não deu um titulo ao texto tomei a liberdade de faze-lo.  Mas o legal mesmo são as experiencias desse meu amigo. #ADOOOORO

BRASIL, UMA ESPERANÇA, MUITO ALÉM DE MICHEL TELÓ!

Eu preciso falar sobre isso e saber a opinião das pessoas. Tenho trabalhado viajando pelo mundo em navios de cruzeiro já a quase um ano e estou surpreso com o reconhecimento que o Brasil tem no exterior. É sobre esse reconhecimento que gostaria de compartilhar e tentar entender o que está acontecendo com a nossa cultura.   Toda vez que um hóspede me pergunta de onde eu sou eu digo orgulhosamente: “I’m from Brazil!”. Eles abrem um largo sorriso e comentam que a nossa economia tem crescido e por isso estamos mais visíveis no cenário internacional. Sinto-me muito orgulhoso quando isso acontece. Vez ou outra vejo um gringo com a camisa de futebol do Brasil em plena Europa. Sempre pergunto se eles são Brasileiros só pra ouvi-los dizer que não, mas que eles amam o melhor futebol do mundo.  Outro fenômeno acontece com a música. “Chorando se foi...”, a lambada da Kaoma (Putz... vocês não imaginam o quanto eu já dancei ao som desta música), sempre é tocada nas baladas dos navios para a tripulação e também para os hóspedes, e quem toca geralmente são Filipinos, Canadenses, Turcos e muitas outras nacionalidades. Tem a versão original, a mixada e até uma onde os gringos tentam cantar em Português (o que soa muito engraçado, mas tudo bem!).   
Um dia desses, por causa desse português carregado de sotaque, estava no Teatro servindo drinks e algo me pareceu muito familiar, uma música que parecia que eu já tinha ouvido antes. Prestei um pouco mais de atenção e com alguma dificuldade percebi que o cantor (britânico) literalmente arranhava o português. No palco, os cantores a bailarinos da Royal Caribean, muito conhecidos pelo alto nível de produção em shows de entretenimento, comparados muitas vezes à Broadway, entoavam no mais alto nível de produção a “Dança da manivela”, música de uma dessas nossas famosas bandas de Axé Music. Eu realmente fiquei pasmado. Como a “cultura brasileira” esta invadindo a cultura do mundo. Talvez ela esteja influenciando o mundo como a língua inglesa fez e faz até hoje com várias culturas no mundo, inclusive a nossa! 
Em outra ocasião, assistindo a programação do navio, parei num canal polonês (ou uma língua qualquer parecida com essa), não entendi nada, mas e sonoridade da língua é curiosa, então estava tentando entender alguma coisa. Ouvi algumas palavras em inglês, outras em italiano, até palavras que lembravam o português. Então, de repente, para a minha completa e indignada surpresa, uma chamada daqueles programas das 10 mais Top Music, como no Brasil, que pedia pra você ligar e votar na sua música preferida (apesar da língua, consegui entender pelo contexto), quando na terceira música caiu sobre mim um temor que me senti arrebatado por um furação enlouquecido: “Moça, moça, assim você me mata...” e o locutor anunciou o nome da música e do cantor, sem sotaque polonês , com um português quase brasileiro. Acredito que vocês não conseguem imaginar como eu me senti.  Se antes eu sabia, agora eu tenho plena convicção do poder da mídia e que poder “filho da P...” esse, hein? (com o perdão da palavra). Contudo, não sou hipócrita, não curto esse tipo de música, mas para o que ela se propõe tudo bem, na balada, eu danço e a aproveito o momento, mas só isso, né? Tenho muitos amigos no navio, de várias nacionalidades, muitos hispânicos, anglo-saxônicos, lusitanos, romenos e todos, sem exceção, cantam Michel Teló, dançam e me pedem pra ensina-los a dança e traduzir a letra dessa bendita música, algo como: “ Girl, Girl, like this you kill me/ Ai! Ai! If I take you, Ai! Ai! If I take you.”  
 Agora me respondam: O que esta acontecendo com a nossa cultura? Porque os gringos dão atenção pra esse tipo de música? Ou melhor, como esse tipo de música ganha tamanha proporção no mundo? Fica aqui meu protesto. E pra finalizar, quando estava terminado de escrever esse texto meu colega de quarto chegou e colocou num canal italiano de música, e pra amenizar minha indignação eles tocaram Shimbalaiê da Maria Gadu (bem melhor, né?), pareceu algo me dizendo: Calma Michael, ainda há esperança!

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