A Verdadeira Boa Sorte...

Durante meus 180 dias de mar eu conheci pessoas  do mundo inteiro. Só no navio onde eu fui tripulante havia pessoas de 49 países diferentes. Não tenho preferencia por essa ou aquela nacionalidade, mas nunca vou esquecer o quanto as pessoas da Ucrânia e Lituânia são amáveis ou de quanto os romenos conseguem ser tão bonitos quanto enigmáticos.  
Seria a excentricidade romena o motivo da lenda do conde Drácula dizer ser ele um romeno? Não sei.  Só sei que eu consegui a proeza de me tornar amiga de um dos romenos com um dos piores gênios do navio. Acho que não tinha um cruzeiro que ele não brigasse com o seu auxiliar. Já comigo ele era um fofo. No final do cruzeiro em que trabalhamos juntos eu o agradeci por toda a sua gentileza comigo e desejei –lhe boa sorte. Foi só nesse momento que ele foi um pouquinho rude me dizendo. “Baby, I do not believe in Lucky. I do my own lucky”! (Neném eu não acredito em sorte. Eu faço a minha própria sorte)
Bom, considerando o histórico do cidadão eu ainda estava no lucro. Pois a reposta seca era característica dele.  Tanto que após isso ele também me agradeceu, nos despedimos e fomos cada um para as suas respectivas cabine dormir. Afinal já era perto da uma hora da manha e no outro dia se eu não acordasse cedo pra trabalhar, acordaria cedo pra cuidar da vida, indo à lavanderia, arrumando a cabine ou mesmo passeando por alguma cidade onde o navio fosse aportar no dia seguinte naquela bela região do mediterrâneo.
A resposta do meu amigo romeno não me deixou chateada, principalmente porque eu entendi que ele não fez para me ofender. Ele simplesmente expressou algo em que ele acreditava. Ele acreditava em sua capacidade de promover sua fortuna. O cara era praticamente, um  *Thomas Jeffeson...
Bom, o que ele era ou deixava de ser não foi o que passou a me preocupar, e sim o que eu estava fazendo naquele lugar.  Até então eu era alguém que tinha tido a sorte e a graça de Deus de ter sido aprovada num processo de seleção pra trabalhar num navio e obter a minha desejada experiência internacional. Até hoje eu não nego a graça de Deus, já a sorte... Bem essa eu comecei a considerar que não era coisa do acaso.
Revi cada etapa do processo que me levou aquele lugar e descobri que, com a permissão de Deus eu também havia feito a minha própria sorte. A questão era, qual sorte então eu faria pra mim dali por diante?
Engraçado , que apesar desse “insight” que relato nesse texto, até hoje, seis meses depois de ter voltado pra casa,  eu não havia me tocado da necessidade de fazer a minha própria sorte e dos meus próprios exemplos de vida onde eu fiz a minha própria “fortuna”.
Pra muitos tanto a afirmação do meu amigo, foi arrogante. Pra mim, era nada mais nada menos do que autoconfiança, ou a condição “sine qua non” para obtenção do sucesso. O que me faz chegar a conclusão de que pouco importa o que as pessoas pensam sobre nós, importante é  o que nós pensamos sobre nós mesmos. Não desconsidero a necessidade da fé em Deus, mas a grande verdade é que se tivermos fé em Deus, mas, duvida sobre nós mesmos, a coisa também não vai funcionar.
Sobre o meu amigo romeno... Bom, me lembro de tê-lo abraçado ao  me despedir, quando fui embora do navio e, embora eu tivesse dito a todos que ficaria só um período de alguns meses fora, ele  me olhou nos olhos e disse:  “Você não ira voltar mais, não é mesmo?”
Sorri um sorriso amarelo de quem havia sido desmascarada  e respondi: “Chegou a minha hora de fazer a minha própria sorte.”  Ao que ele respondeu.. “Good Girl! That’s the true good Luck!!!” (Boa garota! Esta é a verdadeira boa sorte)


“Eu acredito demais na sorte. E tenho constatado que, quanto mais duro eu trabalho, mais sorte eu tenho.” *Frase de Thomas Jefferson

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